segunda-feira, 8 de março de 2010

Aquecendo o coração, a mente... e as calças.

"Acho que sábado é a rosa da semana. O domingo, o pirulito. A segunda é aquele café amargo que nos retira da preguiça."

Nesse fim de semana esfriou.
Não aquele frio de trincar os dentes e gelar as orelhas; desse eu sinto falta. Mas foi o suficiente para recorrer às meias. Até choveu! Os dois dias inteiros... um reconfortante barulho constante nas vidraças e no telhado. Foi bem caseiro, incluindo alguns doces e copos de guaraná (aniversário da irmã); assisti com minha mãe os vídeos de Alice (enquanto o bendito filme não chega aqui!). Rimos juntas do adorável Chapeleiro e de toda a história inventada aqui em casa - sabe-se lá como - de meu estranho parentesco com o Depp. Um sonho em forma de piadas internas, por assim dizer.
Quão engraçado é saber que, a apenas uma semana atrás, meu mundinho estava de cabeça para baixo. A rota da trilha distorcida, as imagens enoveladas... um verdadeiro caos, originado da mesma sequência de rostos e vozes, modificados apenas na superfície; alguns pontos continuam os mesmos, inclusive os meus. A questão é saber desviar desses embaraços e deixar os irritantes pontinhos para trás. Com prudência. Coisa que, metodicamente, tento fazer desde o início do recomeço.
Minhas aspirações estavam soterradas pela carga extra de responsabilidades acumuladas. A cabeça ligeramente oca; se eu tivesse a ideia de sacudí-la, poderia ouvir o barulho do nada se agitando em uma órbita ao redor do cérebro. Não havia muito para ser escrito, inventado, bolado, rearrumado. As chaves do empório não estavam mais em meu bolso. Por essas e outras, me desculpo por deixar meu canto empoeirado nos últimos dias. Não é algo que eu me disponha a fazer em momentos seguros de sanidade.
Mas algumas partes - as reais, físicas e emocionais - voltaram ao seu antigo padrão. Ao menos eu espero que sim. Rostos novos, o início do que me parece uma boa amizade sem pontinhos... gemialidades em uma mesma sala, onde o buburinho chega a ser uma cantiga. O padrão onde me sinto à vontade para ser eu mesma, com todas as devidas contradições.
Então minha cabeça voltou à ativa, junto dos dedos que percorrem o teclado na familiar rotina de escrita. Hoje agi quase como Cora, de uma maneira agradável. Simples, mas com a dose certa de humor, um meio de distração para a mente recém desperta, com um significado caseiro e reconfortante. Piadas proferidas ao som da cantiga de chuva.
Foi bom, pois até agora o caos da segunda ainda não se manifestou. É como se o domingo resolvesse se estender e acenar um até logo para o início de semana, um pedido para que volte mais tarde. Eu e meu adorável pequeno bêbado preparamos uma sessão de filmes antigos para assistirmos na sala. Coisa de criança. Um dos velhos e incríveis filmes do Tim, Beetlejuice, que nos arrancou boas risadas e me fez lembrar do quanto eu tinha medo do Besourosuco quando era menor. Depois partimos para A Loja Mágica de Brnquedos, que me fez ter vontade de ter uma coleção infinita de chapéus para poder brincar com amigos mutantes. Recebi uma série de pedidos - seguidos de pulinhos - vindos do Ni. Um macaco de pelúcia, um carrinho de bombeiros, algumas bolas saltitantes... Mal me lembro da última vez em que esqueci do resto para ficar deitada no sofá sonhando com brinquedos.
Agora meu mano está dormindo, o que provavelmente significa que ele deve estar sonhando com seus pedidos. A chuva deu uma trégua, mas ainda se pode ver o passeio das nuvens carregadas escurecendo o céu pouco a pouco através da janela. Outro fator de que gosto; estou até pensando em dar um passeio pela avenida, visitar a livraria. E, não menos importante, sair à busca de uma loja de brinquedos. De preferência, que seja mágica.
Já não me importo tanto com os pontinhos. Outras coisas assumiram um primeiro plano em minha cabeça, coisas mais simples de serem cumpridas. Mais dignas de serem realizadas. Prioridades esquecidas nos dias em que as ideias estavam retorcidas, mas que foram lembradas nos pequenos gestos.
Em resumo: experimente tirar uma tarde para não fazer nada. Absolutamente nada. Assista aquele filme da sua época de dez anos. Se estiver frio, coloque meias coloridas. Cante desafinado aquela música preferida que ninguém conhece. Desenterre o chapéu e finja que é o Chapeleiro Maluco. Obviamente, você pode incluir algumas brincadeiras no pacote. Eu realizei todas elas em um único final de semana.
Bom início de segunda para os desocupados, ocupados além da conta e afins. Estou ouvindo barulho de chuva, sentindo cheiro de terra molhada, junto do café recém passado... Tem coisa mais caseira do que isso?



Abraços! (:

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